Tantas vezes pensei
porque me sinto presa a este lugar
mas no meu pensamento desenhei
todos os passos que a teu lado quero dar.

Sinto-me carregada por um tempo
infinito ou talvez não
posso nunca ser livre como o vento
mas tenho a luz que me guia nesta escuridão.

Metades ou completas
são as palavras que ficam por dizer
como nem todos os guerreiros têm setas
eu também já não sei como vou combater.

Onde agora corre a mais pura claridade
crescia antes um clamar de chamas ardentes
todo o manto que hoje cobre tamanha raridade
foi em tempos a água que ditava a sorte dos insolentes.
Abriste a porta que nos une
selaste a distância que nos separa
às tuas atitudes ninguém fica imune
na minha cabeça à memórias que o tempo não apaga.

Moves segredos, moves sentimentos
mas quem és tu afinal para querer voltar
ao longo deste tempo a relembrar momentos
que se perderam com a tua porta a fechar.

Foram dias e dias a escrever
até chegar ao que hoje sou
nem mesmo quando pensei largar tudo e desaparecer
a tua imagem no meu pensamento sempre ficou.

Elevaste tudo do nosso passado recente
quero gritar bem alto o que ainda és em mim
porque esquecer-te nunca o farei sinceramente
mas vejo-te, sinto-te, olho-te lá bem no fim.
A cada minuto que passa me identifico
somente com a maneira de ser desta vida
a cada passo que dou verifico
que estou cada vez mais longe do tiro de partida.

Não é nos meus olhos que está o meu eu
não é no meu interior que está o meu ser
não é por palavras sentidas que a minha alma cresceu
não é por estas lágrimas que eu te vou perder.

Sei que quando anoitecer
os nossos mundos se vão fundir
garanto-te que não é fácil esquecer
cada vez que os nossos olhos se voltam a unir.

Caí na ignorância de me prender
a um sentimento que não consigo suportar
serei eu capaz de viver
sabendo que nunca mais te vou abraçar.


Toda essa tua firmeza
supera qualquer tipo de instância
não sei se será possível travar toda essa destreza
quando tudo se resume à palavra distância.

Foges de quê? suplicas por algo inexistente
tento encontrar algo que se perdeu
mas é demasiado evidente
que o nosso olhar cedeu.

Pedra a pedra tento reconstruir
o que entre nós se quebrou
mas sei que nunca irei conseguir
voltar a ter o que entre as minhas mãos voou.

Gostava de poder acordar
e ver que a vida não passa de um sonho fútil
quero apenas limpar as lágrimas e mergulhar
nas memórias de um passado inútil.

Vens como um fogo selvagem
ou como uma mariposa atraída pela chama
o teu rosto revê se numa clara imagem
que só sente quem ama.

Num minuto estás tão perto
No outro estás tão distante
O teu tempo é incerto
mas o meu depende desse instante.

Sinto o som do vento a assobiar
sinto cada passo teu
num breve momento a minha vida pode mudar
mas a vontade de fugir nunca desapareceu.

Num leve rodopiar
muita coisa pode acontecer
mas o passado não se pode apagar
porque é ele que nos faz viver.

Mundo de sorrisos
mundo de fantasia
mundo de feitiços
mundo de hipocrisia.

Mundo que tenta transparecer
quem não é oponente
aos tempos de dor que se estão a estender
a este promissor continente.

Mundo de apostas perdidas
e de costas voltadas
onde guerras causaram feridas
que jamais podem ser saradas.

Mundo de exclusão
é assim onde nós temos de viver
fomos crescendo num berço de ilusão
enquanto os nossos sonhos acabam por desvanecer.