Nesta corrida contra o tempo
estamos eu e tu frente a frente
divagando palavras soltas num momento
em que cada um de nós tenta contrariar o que sente.

Não escolhemos o nosso rumo
e muito menos dele podemos fugir
lutamos para que do nosso mundo
outra estrela não deixe de reluzir.

Esquecemos as palavras por breves instantes
pois não há muito mais a dizer
os nossos olhares ainda comunicam como antes
quebrando todas as barreiras que nos estavam a prender.

Viramos a página já há muito gasta
com memórias e frases em vão
chegou ao fim uma chama que se alastra
no tempo que ficou gravado no coração.

Há palavras que falam por si
e momentos que valem por uma vida
mas foi no teu olhar que me perdi
e é nos teus braços que me sinto protegida.

Por vezes temos de abrir mão
dos nossos sonhos e futuros ideais
apenas para obedecer à razão
fingindo não sentir nada mais.

E até quando vamos lutar
contra a força mais indestrutível deste mundo
se apenas nos estamos a enganar
tentando ignorar um sentimento tão profundo.

O teu sorriso descreve a mais pura beleza
por onde me perco em pensamentos distantes
tens em ti a coragem e a destreza
onde navego num mar de momentos sonantes.

Agarra a última das estrelas antes do amanhecer
e não a deixes fugir por entre os dedos
sempre que olhares para ela vais perceber
que cada vez que me olhas nos olhos solto todos os meus medos.

Não preciso descrever este sentimento
basta segurares na minha mão
a vida está constantemente em movimento
mas não muda nada no meu coração.

Secretamente chegas até mim
libertando-me deste sufoco constante
as horas passam e os dias parecem não ter fim
mas na verdade tudo permanece semelhante.

Por mais que queira mudar
e contornar o que já há muito foi talhado
irei sempre lutar e falhar
tal como sucedeu no meu passado.

Os caminhos começam a ser demasiado escassos

e a distância cada vez parece maior

com o final da história selámos os nossos abraços

enquanto tudo desaparecia em nosso redor.


Só ficou a poeira que teima em não assentar

daquela noite em que tudo se perdeu

o vento levou as lembranças que pairam noutro lugar

e o sentimento que restava com o tempo cedeu.


Os meus olhos fecham-se por meros instantes

e caiem no abismo do amor

as nossas duas metades são semelhantes

mas não chegam para vencer todo este clamor.


Nem sempre encontramos as respostas

nem sempre as lágrimas se conseguem esconder

agora caminhamos em linhas opostas

pois já não há muito mais a fazer.

Tal como veio, o tempo levou

levou tudo menos este sentimento

na minha vida outra cor pintou

deixando grandes marcas naquele momento.

Deixou o perfume que preenchia

este corredor escuro e arejado

que não deixa entrar a luz do dia

pois desde a tua saída que ficou selado.

Seguir toda esta extensão

ignorando os olhares que te rodeiam

acreditando apenas no teu coração

deixando para trás as recordações que aqui vagueiam.

Erguer de novo o castelo que se abateu

e segurar uma lágrima carregada de dor

levantar de novo a parte de ti que cedeu

porque são poucos os que sabem o que é o amor.