Assisto ao ciclo natural
ao qual não podemos fugir
decisões que culminaram num desenlace crucial
situações nas quais não podemos intervir.

Caminhamos sobre um plano inclinado
quanto mais nos distanciamos maior o cerco aperta
a poeira que pisamos é a mesma que nos gerou no passado
quanto mais recuamos mais longe estamos da meta.

Estamos a afogar-nos num poço de loucura
vale tudo para camuflarmos a nossa ânsia de paz
sufocamos com o ódio que em nós perdura
gritamos de pulso firme, mas o nosso eco torna-se incapaz.

Derramamos sangue que se desdobra em lágrimas afiadas
despertamos o pior, ofuscando o melhor que há em nós
enquanto o preconceito sobressair viveremos de costas voltadas
rodeados por multidões, mas no fundo sentindo-nos sós.